O Museu Machado de Castro (Coimbra) abriu pela primeira vez em 1913, desde então tem passado por diversas renovações e orientações até ao que nos é apresentado actualmente. O conteúdo do museu engloba arte sacra nas vertentes de escultura, pintura e joalharia, que independentemente de se apreciar ou não, há que dar um enorme crédito aos artesãos não só pelo realismo das peças mas também pela entrega que imagino tenha sido absoluta. Mas o que me levou ao MMC não foi a exposição de arte sacra, nem o restaurante, nem a belíssima esplanada (que apreciei com muito agrado) por “cima” da Sé Velha e do Mondego. Fui lá para ver os corredores de antigamente... Parte do MMC tem debaixo de si as ruínas do Cryptoporticus da cidade de Aeminium, tetra-bisavó de Coimbra. Datado do 1º - 2º século, época em que Coimbra era conhecida por esse nome, estas ruínas são um testemunho em excelente estado de conservação que nos permite perceber o que seria e como funcionaria um criptopórtico, ou seja, uma galeria abobadada subterrânea ou semi-subterrânea, cujos arcos serviam para sustentar estruturas localizadas na superfície, como um fórum ou uma villa, compensando em muitas das construções um declive no terreno. Além disto podiam servir também como lugares de estocagem (hórreo) de alimentos como carne e trigo, uma vez que eram espaços frescos e abrigados da luz. Podia alongar-me sobre a história destas galerias, mas confesso que acho um desperdício quando elas estão ali, arranjadas, bonitas e bem conservadas prontas a receber uma visita e perdermo-nos no labirinto de arcos e corredores. A título pessoal acrescento apenas que poder passear dentro de um edifício onde há milhares de anos outras pessoas riram, conversaram, guardaram a sua comida, discutiram, viveram é qualquer coisa de extraordinário e vale a pena qualquer viagem. Mas ainda fico aqui a magicar, uma vez que os Romanos eram dados ao assassinato, quantas conspirações terão sido aqui sussurradas ?
Carl.Aventura
Cryptoporticus de Aeminum
Atualizado: 25 de jun. de 2018
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