Foi num Sábado recente meio cinzento que me decidi a ir ao encontro de Dornes. Esta descoberta já estava a ser adiada desde o inicio do ano, e nesse dia decidi-me ... com ou sem chuva "vamos" (eu e o Civic) a Dornes! "Nós" fazemos tanto quanto possível as “road trip” pelas nacionais, não há maneira melhor de apreciar Portugal que pelas estradas simples, ladeadas de povoações, outros viajantes, cafés-tascas de ambiente humilde e a ocasional ovelha tresmalhada a tentar atravessar a estrada. Dornes é uma das mais antigas vilas Templárias de Portugal, tendo sido parte integrante do sistema defensivo da Linha do Tejo contra os mouros que incluía Tomar (onde estava a sede da Ordem), Almourol, Castelo Branco, Monsanto, Pombal, Abrantes, Torres Novas e Zêzere. Cada esquina desta vila está repleta de história, sendo mesmo anterior à fundação da nacionalidade, Dornes não sendo o berço da Nação, foi onde pela primeira vez, Alfredo Keil ensaiou (com a Sociedade Filarmónica Carrilense) a primeira orquestração da marcha "A Portuguesa", o que faz desta vila Templária um dos berços do hino da Nação Portuguesa. Embora não hajam grandes vestígios, diz-se que Dornes terá sido construída por cima das ruínas de uma povoação Lusitana, e que a sua original e única torre pentagonal (mandada erigir por Gualdim Pais), terá por sua vez sido construída sobre uma antiga torre romana atribuída a Sertório, general romano de c. 72 A.C. A importância desta torre por si só é tal que está classificada pelo IPPAR como Imóvel de Interesse Público desde 1943. É uma construção de origem militar, cuja arquitectura é um dos mais raros exemplos da arquitectura defensiva no período da Reconquista. Tendo sido propriedade das terras pertencentes à Rainha Santa Isabel (mulher de el-rei D. Dinis) esta pequena península contornada pelo rio já na parte formada pela albufeira do Castelo do Bode é hoje em dia parte do concelho de Ferreira do Zêzere. Enquanto passeava no sossego de Dornes, cai do nada uma enorme chuvada e claro está como boa humana que sou corri para a Igreja… Bem-dita a hora! Devo agradecer ao São Pedro a neurose momentânea que teve, porque apesar de não ser fã da música da Fé, fui presenteada com um ensaio do coro da Igreja e posso dizer que com o som da chuva lá fora, a luz dourada do ambiente e a vozes que apesar de estarem em ensaio, estavam já na minha opinião muito bem, tive aproximadamente cinco minutos de Céu. Há sem dúvida chuvadas abençoadas!
Carl.Aventura
Dornes, uma das pontas da Linha de Defesa do Tejo
Atualizado: 25 de jun. de 2018
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